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A designação de Vila deve ter tido origem nalguma propriedade rural ou até mesmo de uma villa rústica que aqui terá existido em épocas remotas. Alguns estudiosos encontram nos seus diversos topónimos raízes arábicas, enquanto outros apostam claramente num passado céltico. De qualquer maneira, a história da antiga vila de Semide, que significará, etimologicamente, a flor da farinha, confunde-se com a do Mosteiro, ali localizado.
A vizinhança da “civitas” antecessora da actual Coimbra, alguma arqueologia local ou das imediações e um ou outro topónimo, dão ao lugar possibilidades de um povoamento bastante recuado ou pelo menos anterior à Nacionalidade. O topónimo Segade, por exemplo, de origem germânica, é indicativo da existência pré-nacional de uma “sagati”, ou seja, uma vila ou semelhante propriedade rústica. De qualquer maneira a história de Semide, que significará, etimologicamente, a flor da farinha, confunde-se com a do Mosteiro, que era senhor da vila e termo.
O nome da povoação Senhor da Serra foi tirado da ermida que existiu antes do povoado e que se supõe datar de 1663. É dado como data de início da povoação o ano de 1678 com uma casa junto à ermida onde vivia um ermitão ou Capelão e uma taberna junto à estrada de Coimbra.
O nome Rio de Vide provirá da existência outrora de um rio (Rio Torto), cujas águas, consideradas, curativas, eram bastante procuradas por pessoas doentes, nomeadamente gafos.
A existência de gafarias em território português deve ser anterior à fundação da nacionalidade. De um modo geral eram, na província, pequenos edifícios do gênero das albergarias nos quais eram isolados os leprosos. Não havia lugar de certa importância que não tivesse a sua leprosaria, geralmente edificada longe do povoado, pois o terror do contágio levava as autoridades a obrigar os gafos a tocar uma campânula quando saíssem do recolhimento, a fim de prevenirem os transeuntes da sua passagem. As gafarias portuguesas podem-se classificar em três tipos: as criadas por iniciativa régia, caso da nossa de Rio de Vide: as municipais: e as estabelecidas pelos próprios gafos e por eles administradas. É também notória a existência de gafarias nas rotas de peregrinação, como seja esta de S. Tiago.
Rio de Vide, tal como Almalaguês, situavam-se nos acessos sul à cidade de Coimbra. Por estes dois lugares passariam os peregrinos jacobeus que provenientes da Via da Prata, optavam por encurtar caminho atravessando o território português e se dirigiam a Coimbra vindos de Campo Maior, Portalegre e Amieira do Tejo. Chegados à cidade do Mondego, o seu percurso passaria também pelo Hospital de S. Lázaro Extramuros. Ao longo destes caminhos foram aparecendo, com o intuito de assistir os viandanres, a albergaria, o alcouce, a estalagem, o hospício, o hospital, o mesão, a pausada, a gafaria. Mas também a fonte, o padrão e a venda. É de realçar a presença destes elementos na toponímia geral dos caminhos de peregrinação.
Rio de Vide, voltada a nascente, próximo da pequena ribeira do Pisão que se vai lançar no Ceira, não longe de Foz de Arouce, lá está seguindo a sua pacatez e acolhendo quem a visita. Era também local de passagem de romeiros para a secular romaria de Divino Senhor da Serra. Trata-se de uma povoação que, ainda hoje, mantém algum de seu patrimônio construído, sendo de realçar, a igreja e a imagem de S. Tiago.
Publicado por: União de Freguesias de Semide e Rio Vide
Última atualização: 04-01-2025