O crescimento dos peregrinos foi notável a partir de 1793. A região centro do país teve no Senhor da Serra, desde o século XVII, até que Fátima se impôs pelas aparições da Virgem Mãe de Deus, o seu maior Santuário. Desde o Vouga ao Mondego, ao Liz; no interior, numa região transbordando para além das serras da Lousã e do Buçaco, atingindo os concelhos de Pampilhosa da Serra e Oliveira do Hospital e da Mealhada, não há aldeia ou vila, donde em Agosto (14-21), não tenham vindo peregrinos ao Senhor da Serra, para agradecer um pedido feito em horas de aflição: o salvamento de um pescador, a cura de uma pessoa de família de uma doença grave, livrar um rapaz da tropa etc.
Os peregrinos vinham em grupos ou em ranchos, facilmente identificáveis pelos trajes e costumes. Os da Beira Mar contrastando com os da Beira Interior, os da estremadura com as gentes da Gafanha. Muitos vinham a pé desde as suas terras. E depois era vê-los subir como carreiros de formigas pelos lados de Ceira, de Miranda, da Trémoa, de Semide e outras partes, subindo sempre, porque o Senhor da Serra ficava lá no alto e era necessário lá chegar para cumprir a promessa.
Em finais do século XVII já havia peregrinos que se demoravam no Santuário do Senhor da Serra alguns dias, foi por isso necessário proceder a ampliações da capela original e construir as hospedarias.
A capela actual é um edifício que não se pode classificar de um só estilo, mas de vários, segundo o autor da planta, já que a torre dá a impressão de um gótico flamejante, mas os capitéis e outros elementos são do estilo românico.
Lá dentro podemos apreciar o altar mor dourado que foi executado pelos alunos da antiga Escola Industrial Brotero em Coimbra sob orientação de João Machado, tal como os belíssimos vitrais, estes sob a direcção do prof. Lapierre, e os azulejos que revestem as paredes e que representam cenas da vida de Jesus, e que foram executados sob orientação do prof. António Augusto Gonçalves.
Os altares laterais que vieram da Capela da Misericórdia de Coimbra.
A pintura do Tecto que é obra do pintor Eliseu de Coimbra.
O púlpito de pau preto, artisticamente trabalhado, obra do séc. XVII e que veio da Sé Velha de Coimbra.
A torre, para a qual se sobe por uma escada em caracol que vai desde a porta da entrada principal passando pelo coro até ao ponto mais alto, de onde se podem disfrutar excelentes vistas sobre a povoação e região envolvente.
Cá fora existe uma capelinha com uma imagem do Senhor Crucificado, da autoria de António Augusto Gonçalves e um Lavabo da autoria de João Machado que são também dignos de atenção.
O Santuário, classificado como Monumento de Interesse Público, continua a ser alvo de devoção e romaria no mês de agosto.